sábado, 20 de junho de 2015

Filho - há 48 anos (1967 / Nampula)

Meu querido filho. Há no teu olhar a verdade do mundo.
O que o mundo é não sei nem amanhã saberei.
Se não ousasse ter um ponto de apoio onde fixe meus pensamentos ( que este corpo alimenta ) nada existiria que me merecesse respeito…
Mas tenho-te.
Tenho no teu olhar a verdade do mundo. E não sei como ela é. Sinto-a com o teu olhar. Cheia de amor. Cheia de ternura. Cheia de uma paz que não sou capaz de ver em mais ninguém. Sinto-a, na sua fragilidade doce e funda. Tanto e tão funda que também ninguém lá chega. Todos clamam por ela, mas são demasiado conscientes e a sua voz perde-se num vendaval de cuidados. Mas tu não. Tu, até EXISTES, e no bulício de hoje que abraças com teu “ ser “ está todo o sentido duma manhã cheia…
… cheia de irrequietude.
… cheia de irreflexões.
… cheia de vazios, a preencher logo a seguir.
… cheia dum sol que não queima.
… cheia de uma tempestade-bonança.
… cheia de FORÇA… duma força que transborda e chega até mim.
Pai… “

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